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DAR O CORPO AO MANIFESTO

Com vista à preservação, conservação e defesa do sistema lagunar do Sotavento Algarvio, em 1987 o Parque Natural da Ria Formosa é estabelecido, contribuindo para a proteção da biodiversidade de uma das mais importantes zonas húmidas de Portugal. Um território fundamental para uma flora e fauna residente, migratória, endémica e sazonal.
Tirando o devido proveito da situação, é ainda criado dentro do parque natural, o RIAS, o centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens que atualmente regista o maior número de entrada de animais selvagens do país. Com mais de 22 mil animais vivos ingressados no centro desde a sua génese, o grupo das aves claramente assume a liderança, onde segundo relata a co-coordenadora Soraia Guerra, a totalidade
das espécies apresentam uma taxa de sucesso de libertação de aproximadamente 60%. Números encorajadores, especialmente quando considerado que os traumatismos, muitas vezes de origem antropogénica, são a principal causa de ingresso. Imediatamente a seguir no pódio, a queda do ninho/orfão na altura da Primavera e Verão indicam a fragilidade dos recém-nascidos nessa temporada. Já no último lugar, surge o
síndrome parético com um registo de 17% das entradas. Ainda importante de realçar que, segundo a Lista Vermelha criada em 1964 pela União Internacional da Conservação da Natureza, há atualmente um declínio da riqueza e abundância da biodiversidade do planeta, sublinhado também pelo último relatório da WWF (Living Planet Report 2024) onde em média 73% das populações de vertebrados selvagens diminuíram entre 1970 e 2020.
Sob a gestão da associação sem fins lucrativos ALDEIA desde 1 de Abril de 2009, dispõe da orientação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o apoio financeiro da ANA Aeroportos de Portugal, SA e do Fundo ambiental, além de ainda outros apoios como Câmaras Municipais, ONGs, material e alimento oferecido, donativos e voluntariado. Apenas desde Outubro de 2012, o RIAS é um centro
de recuperação reconhecido pelo ICNF, integrando assim a Rede Nacional de Centros de Recuperação para a Fauna (RNCRF), que conta com 14 centros no total do território continental. Além do tratamento médico veterinário de animais selvagens feridos, debilitados ou órfãos, há também a componente científica de investigação por parte desta pequena equipa de 7 elementos, de não apenas identificar ameaças à conservação de espécies, mas também de contribuir para a monitorização da saúde
pública, a partir da vigilância sanitária por um acesso muito exclusivo e restrito de amostras, sendo elas por vezes novas e emergentes. Ainda de realçar o seu importante papel na divulgação e sensibilização ambiental, ações de conservação da Natureza, modalidades de apadrinhamento de animais no Centro por escolas, particulares e empresas, bem como a vasta oferta educativa de cursos, jornadas e workshops para o tratamento de animais selvagens.
Anualmente o RIAS estabelece como objetivos principais o consolidiar das parcerias existentes, bem como a criação de protocolos com novas entidades para um aprimoramento das instalações do centro, contribuindo em última análise no bem-estar animal e sucesso na taxa de libertação e devolução à natureza. São realizadas centenas de ações de retorno à natureza, envolvendo milhares de pessoas da comunidade algarvia, estudantes, representantes de entidades e associações e também voluntários e técnicos do RIAS.
Trata-se assim fundamental louvar o esforço hercúleo de uma tão jovem mas obstinada equipa, que batalha por devolver à natureza, a sua própria natureza, não só pela sua óbvia dedicação fora de horas, mas também através da renovação de apoios e financiamentos para que tal hospital veterinário continue a receber e a cuidar de uma vida selvagem tão injustamente ameaçada. Para a co-coordenadora Juliana Menezes, chamar do RIAS a sua segunda casa é “a lembrança constante e diária do compromisso assumido perante a natureza, e da esperança por ver em primeira mão pessoas que ainda se importam com a vida selvagem e não desistem, indiferentes”.

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